O apresentador chama o público para chegar mais à frente. Os jurados sorteiam os nomes que irão duelar um contra o outro. O beatmaker solta o som. Em uma só voz a galera da cena canta “Tem dois MCs e um vai sair morto / Isso é batalha do quê? / BATALHA DO PORTO” e com inúmeras mãos para o alto vão seguindo o ritmo. Assim foi anunciado o início da tradicional Batalha do Porto no Festival América do Sul, neste sábado (11), em Corumbá.
Com duelos de tirar o fôlego desde a primeira fase, os MCs deram tudo de si para mostrar a força dos seus versos improvisados, uns com letras de mensagem e outros com a ‘gastação’, ou seja, aquela rima que um tira sarro do outro. Vale tudo na hora da batalha, mas o que fica é o respeito e a amizade que todos eles têm.
A Batalha do Porto no Festival América do Sul recebeu a rapaziada que já é da casa e outros que vieram de Campo Grande, Dourados, Maracaju, Santa Catarina e São Paulo. Dario Ferreira Suzaneto, que curtiu as batalhas, é professor doutor em literatura brasileira na UFMS (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul) e ministra uma disciplina chamada Poética do Rap. Ele contou a importância desse evento ter um espaço garantido no FAS.
“A Batalha do Porto é histórica. O espaço que foi disputado é fundamental como forma de reconhecimento da importância da cultura de rua que é o Hip Hop, que são as batalhas de uma galera poeticamente muito rica. Isso é fundamental para a cultura corumbaense e sul-mato-grossense”, enfatizou o admirador da boa rima.
GRANDE FINAL
O horário já passava das 21h quando a batalha final começou. Eram cinco rounds e cada um com um modelo diferente, divididos em batalha de 60 segundos, temática, kickback (perguntas e respostas), personagem (cada MC escolhe um para representar) e ataque. O último grande confronto foi entre Dourados e Maracaju, mais precisamente entre Degê e Kamui. O grande campeão da Batalha do Porto foi Degê, que após vencer nos admitiu que a ficha não tinha caído, mas que estava muito feliz por tudo que tinha vivido naquela noite.
“Para mim é incrível, porque foi um achado muito difícil. Tinham vários artistas com níveis nacionais. Então, é muito satisfatório vindo de onde eu vim, mas foi uma oportunidade, sentir isso que eu senti hoje e para mim não tem palavra para descrever esse momento. Vim de Dourados, mais precisamente da Vila Cachoeirinha, um bairro que bate de frente com tudo.
O jovem revela que seu sonho de rimar foi o combustível que o levou até a Cidade Branca para competir. “Em um dos versos ali, eu citei isso (do amor pela arte de fazer rimas), sou movido a isso. Acredito que todo mundo que tem essa coisa dentro de nós, só precisa acender. Foi isso que eu fiz, a energia que eu quis passar foi essa”, relatou o campeão.
João Pedro Flores, Ascom FAS 2023
Fotos: Elias Campos
Galeria de imagens disponível no site: https://www.festivalamericadosul.ms.gov.br/batalha-do-porto/