Com cinco exibições em Corumbá e Ladário, durante a realização do 16º Festival América do Sul Pantanal (Fasp), o Cinesolar atingiu sua meta de levar entretenimento e conhecimento às comunidades urbanas e rurais da região pantaneira. Em especial àquelas pessoas que não tem acesso ao cinema – uma deficiência das duas cidades, que já contaram no passado com grandes salas ainda hoje no imaginário de quem vivenciou essa época.
“Foi muito positivo, as pessoas participaram e se tornaram também protagonistas por meio das oficinas, onde os temas debatidos traduzem a realidade local e são resultados também de pequenos documentários que estimulam o pensar do espaço territorial em que vivem”, explica Cynthia Alario, coordenadora do projeto.
O Cinesolar é uma estação móvel de arte, sustentabilidade e cinema criada em 2014, que leva sessões gratuitas de cinema para cidades do país. O grande diferencial dessa iniciativa pioneira no Brasil é que ela utiliza energia solar fotovoltaica para fazer as exibições dos filmes.
Temas regionais
Além dos filmes que tratam de temas sobre o meio ambiente e a sociedade, o Cinesolar se preocupa com o conhecimento. A equipe multidisciplinar também promove oficinas de sustentabilidade com foco na conscientização ambiental, além de um laboratório de introdução audiovisual. E por si só, o Cinesolar é uma verdadeira sala de aula ao ar livre.
O surpreendente é que o projeto pode ocupar qualquer espaço, desde praças a escolas e centros comunitários. No interior do furgão, a equipe carrega todos os equipamentos de som e projeção, além de cadeiras para o público e também a tela de cinema.
Durante o Fasp, onde participa pela primeira vez, o projeto exibiu filmes sobre temas regionais, como os documentários sobre o rasqueado, um dos ritmos musicais que simboliza a identidade cultural de Mato Grosso do Sul, e o Rio Taquari, que sofreu um processo de assoreamento há décadas com impacto ambiental irreversível, afetando a fauna e flora e pequenas comunidades tradicionais.
“Os temas ambientais ganharam grande visibilidade aqui no Pantanal, pois fazem parte do dia a dia dessas comunidades. Além do mais, oportunizam a discussão e observação dos problemas, como as queimadas, apontando também soluções”, acrescenta Cynthia Alario.
Uma dessas exibições ocorreu na unidade de conservação denominada Apa (Área de Proteção Ambiental) Baía Negra, onde reside uma comunidade extrativista, situada na borda do Rio Paraguai com a Morraria do Urucum. Neste domingo (29), no último dia do festival, o Cinesolar se apresentou à noite no Porto-Geral de Corumbá, reunindo bom público.
Texto: Silvio Andrade
Foto: Rodrigo Pivas