A abertura oficial do 14º Festival América do Sul Pantanal recebeu o tradicional cortejo dos andores do Banho de São João na noite desta quinta-feira (24/05), na Praça Generoso Ponce. O cortejo é uma das mais importantes manifestações culturais de Corumbá e está em processo de se transformar em Patrimônio Cultural Imaterial Brasileiro.
Adornado de rosas vermelhas e brancas, o andor foi levado por devotos do santo até o palco principal. O corumbaense Carlos Dinis foi um dos devotos que participou da celebração. Ele faz o cortejo desde 2012 e conta que, assim que foi levado ao festival, se apaixonou a tal ponto que resolveu realizar uma festa no bairro onde mora, Cristo Redentor. “O São João está no sangue do corumbaense, como o carnaval e os outros eventos”, enfatiza.
Maria Batista, que mora há 20 anos na Cidade Branca, também ficou encantada pelo cortejo após conhecer a festa através de uma amiga. Na época, Maria tinha passado por um acidente de carro e viu no convite de um devoto, que nunca a tinha visto, o milagre que esperava: ser a madrinha da bandeira de São João. Há 15 anos ela é madrinha da bandeira, e emocionada exibiu no festival o santo a qual é agradecida.
Maria faz parte da Comunidade Católica Monte Castelo, que foi sete vezes campeã do Concurso de Andores, que acontece desde 2006.
O tradicional Banho de São João de Corumbá é uma celebração que preserva a história, a memória, a cultura e a religiosidade dos corumbaenses, e está em processo para se transformar em Patrimônio Cultural Imaterial Brasileiro. De acordo com a Superintendente do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) de Mato Grosso do Sul, Maria Clara Scardini, o cortejo acontece há mais de três décadas em Corumbá, tempo necessário para que o Bem possa ser reconhecido.
O registro do Banho de São João poderá ser o primeiro registro de Patrimônio Cultural do Brasil exclusivo de Mato Grosso do Sul. Em 2018, o IPHAN, por meio da superintendência, firmou um TED (repasse de recursos) com a Universidade Federal de Mato Grosso do Sul. A parceria é para a produção de um Dossiê Final e um produto audiovisual para ser encaminhado para o conselho que irá analisar e decidir sobre a celebração.
“O banho está em processo há anos, ele foi solicitado, passou por diversas ações para poder chegar ao estágio que está. Nós temos um prazo, um cronograma que iremos cumprir para a entrega do dossiê, que é até outubro ou novembro”, explica a superintendente. O dossiê deve ser entregue até o final deste ano ou início de 2019 para a análise do conselho. Também está em análise o Forte Coimbra, que concorre ao título de Patrimônio Mundial da Unesco.
Texto Alline Gois