“O que é, o que é? Tem cinco elementos e te faz acreditar que isso um dia vai virar? Que te acolheu, quando o mundo todo mandou você se virar? Que te ressuscitou, quando o tudo que você fazia era agonizar? Que te devolveu oxigênio quando tudo que você queria era parar de respirar? O que é? O que sou? O que somos? Bom… Formei doutores, tipo Dree. Formei dançarinos, tipo Legs. E risquei vinis, tipo Here. Coroei rainhas, tipo Queen B, Latifa e Dinadi. Sou corpo, mente e alma. Sou festa e diversão. And party, and bullshit. To the hip, and hop don’t stop. Somos o hip hop”
Foi desta maneira, com um poema em forma de charada, que o Coletivo Cotidiano Difícil abriu a apresentação ‘Entre nessa cypher’, na noite de sexta-feira (10), na Avenida General Rondon. Através de break e rimas improvisadas, o grupo contou a história dos conflitos de gangues que percorria a chegada da cultura Hip Hop em Corumbá e como isso evoluiu, trazendo a união dos artistas, fazendo com que inimigos antigos se confraternizassem através da dança, do rap, do grafite e das batidas do DJ.
Ênio CRX, um dos integrantes do coletivo, falou sobre a importância do Festival América do Sul abordar a cultura de rua. “Representar as coisas que verdadeiramente acontecem durante o ano inteiro na cidade de Corumbá. Tanto as intervenções de Hip Hop quanto batalhas e ações culturais, elas são contínuas todos os meses, durante o ano todo. E o Festival é uma forma de contemplar os artistas que trabalham o ano todo de maneira, muitas vezes na caridade, sem remuneração. E essas oportunidades são importantes pra gente ter o nosso profissionalismo, essa questão financeira também”, enfatizou o Mc.
Questionado sobre o que era o hip hop para ele, Ênio refletiu sobre o espaço que é oferecido dentro da cena. “O Hip Hop é um estilo de vida que dá oportunidade de pessoas, muitas vezes sem voz na sociedade, poderem se expressar e atingir objetivos em coletividade, entendendo a importância das ações coletivas, entendendo que o coletivo sempre vai ser mais forte que as ações individuais”.
A apresentação do grupo foi a primeira de muitas atrações que ainda irão acontecer no FAS (Festival América do Sul). Neste sábado (11), o Porto Geral de Corumbá recebe a tradicional Batalha do Porto, às 19h, o rapper Miliano e o projeto Favela Vive, com os artistas nacionais Froid, ADL e Raillow.
João Pedro Flores, Ascom FAS 2023
Fotos: Gisele Ribeiro
Galeria de imagens disponível no site: https://www.festivalamericadosul.ms.gov.br/hip-hop/