A banda é campo-grandense, mas o Projeto Kzulo mostrou, neste sábado (11), um pouco da mistura dos ritmos percussivos afro-colombianos e afro-brasileiros, enriquecendo a música latina brasileira. Com música que agrada desde quem é de axé, até quem é de amém, a banda mostra um pouco da diversidade cultural e religiosa sul-mato-grossense.
O grupo canta principalmente músicas que integram o espanhol e o português e leva todos a interagirem com o show e até mesmo realizar os passos de dança. Para um dos vocalistas, Wellington Chávez, a junção dos ritmos torna-se natural porque o grupo é formado por brasileiros e colombianos. Dois dos integrantes são colombianos e os outros seis são brasileiros.
O também vocalista Marco Aurélio ressalta que por meio da banda obteve o entendimento de que a latinidade no Brasil é camuflada. Por isso mesmo, a banda torna-se muitas vezes resistência. Segundo ele, é necessário que o Brasil olhe mais para a América Latina.
“Quando o projeto Kzulo se inicia, acaba trazendo um trabalho totalmente diferente e não conhecido, porque a gente começou a ter uma noção do que é ser latino-americano através do projeto Kzulo. Antes a gente não tinha esse entendimento, como Brasileiro, sendo que os nosso hermanos estão aqui na lateral certo?”, indaga.
Segundo ele, o Brasil se aproveita muito das referências europeias e não de referências da América do Sul. Por isso se faz importante um show como esse que prestigia a mistura com os ritmos latino-americanos.
Nicole, tem 19 anos, é natural de Corumbá e, na maior parte do tempo, trabalha como professora de inglês, além de ser artista circense. Para ela, o Festival América do Sul é um momento do ano em que as pessoas podem apreciar uma combinação de cultura.
“Estou achando a banda super legal, interessante e está todo mundo conseguindo interagir bem. É a primeira vez que escuto a banda. O ritmo, eu já tinha escutado. Gosto bastante de escutar diferentes estilos sul-americanos, mas nunca tinha escutado uma banda que me inspira tanto, o que torna tudo muito legal”, frisa.
Projeto Kzulo
Em 2017, Marco Aurélio e Wellington Chaves assumiram os vocais no Projeto Kzulo, juntamente com Lucas Rabelo, na guitarra; Ricardo José Lourenço, no contrabaixo; Julian Vargas, na percussão, Lana também na percussão, Claudio no Trombone; e Alejandro Lasso, na bateria. O álbum de carreira é o “Braslumbia”, que é a junção de brasilidade com cumbia – ritmo típico da Colômbia – uma referência aos estilos musicais do Brasil e da Colômbia.
O EP tem uma faixa bônus que é a El Pescador, uma música de direito público, que relata a história dos pescadores do Caribe Colombiano, composição do Mestre José Barros e, mundialmente conhecida na voz de Totó la Momposina, mulher afrodescendente, colombiana. Em Braslumbia, a música retrata o contexto fronteiriço de Mato Grosso do Sul, pensando nos países vizinhos, Paraguai e Bolívia, e na interferência de ritmos de outras regiões do Brasil.
Bel Manvailer, Ascom FAS 2023
Fotos: Bruno Rezende
Galeria de imagens disponível no site: https://www.festivalamericadosul.ms.gov.br/show-projeto-kzulo/