Corumbá (MS) – A tarde foi de muita movimentação e alegria no Centro de Artes e Esportes Unificados (CEU), no bairro Jardim dos Estados. A Rede Solidária, a convite da Secretaria e Fundação de Cultura do Estado, ministra duas oficinas, de cerâmica e crochê, para a comunidade, e a Mostra de Cinema exibe filmes infantis durante o dia para crianças de escolas públicas da região. À noite, a programação de cinema é direcionada para o público adulto.
Na sala de cerâmica, as alunas aprendem técnicas de modelagem e os tipos diferentes de argila. “Aqui é o polo forte da cerâmica, tem a Casa de Massa Barro, mas muita gente não conhece e nunca teve acesso à produção”, diz o ministrante da oficina, Rodrigo Marçal, que também dá aulas de cerâmica na Rede Solidária, unidade do bairro Noroeste, em Campo Grande. Ele começou com o artesanato na infância e hoje é sua renda principal. “Dá para viver de artesanato, sim”.
Rodrigo é um incentivo para as alunas do CEU, como Guadalupe Vargas Frias. A nova ceramista era cabeleireira e deixou a atividade para viver exclusivamente do artesanato. “Comecei em 2005 pelo Clube de Mães da Rede Solidária com as aulas de E.V.A., mas com argila é minha primeira vez. Era meu sonho fazer a casinha do João de Barro. Amo artesanato, a gente se inspira no trabalho, cria, inventa, cada criação é sempre diferente da outra”.
Na outra sala, onde fica a unidade do Centro de Referência de Assistência Social (Cras), estão os alunos e alunas de crochê. Adali Teixeira Sandim Arantes ministra o curso para principiantes e já iniciados. Ela veio de Campo Grande, onde já ministra cursos de crochê na Rede Solidária, unidade do Bairro Noroeste. “Faço crochê desde os nove anos; aprendi sozinha, só de ver minha mãe fazer. O crochê é uma satisfação enorme, poder ensinar, também. Fico feliz quando uma aluna minha me diz que vendeu uma peça feita por elas”.
O material para o curso, como barbantes e agulhas, é fornecido gratuitamente aos alunos. O curso trabalha bastante coisa, mas o objetivo principal é gerar renda. “Tem gente que busca o crochê por causa do emocional, porque o médico indicou contra a depressão. Aqui, o que os alunos fizerem eles vão levar para casa. Como é um curso muito rápido, dei duas opções de peças: jogo americano ou puxa-saco. Trouxe as peças para mostrar para eles”.
Ezequiel Gozales, estudante do EJA, é o único homem da oficina. Ele veio com sua namorada, Suanny Andressa, que cursa o Ensino Médio, e a amiga Cleisiany Gomes, também estudante. “Eu acho bonito o crochê pelo modo como é feito. Estou fazendo um puxa-saco que vai ficar pra mim. É uma experiência diferente, nunca tinha feito antes”.
Suanny diz que o grupo ficou sabendo do curso porque participa do grupo de adolescentes do Cras. “Eu quis aprender para fazer em casa, ocupar o tempo, porque a gente não tem nada para fazer”. A amiga Cleisiany concorda: “Eu vou comprar material para fazer outras coisas diferentes”.
Ao mesmo tempo, no espaço de projeções do CEU, alunos da Escola Estadual Maria Helena Albanese assistem ao documentário “Jonas e o circo sem lona”. A animação é contagiante e as professoras confirmam. “Nós passamos a programação do Fasp para eles e ficaram encantados. Eles gostam muito de cinema, até a disciplina melhorou com a promessa de participar das sessões. Nós sempre buscamos alternativas para atrair o aprendizado”, diz a professora de Ciências do 2º, 3º, 4º e 5º anos do Ensino Fundamental, Renata Almiron.
Sua colega, a professora do 2º ano do Ensino Fundamental, Angelle Bobadilha, também trouxe seus alunos. “Falaram para mim que era uma prévia do Festival, então vi a oportunidade de eles participarem, porque na cidade não tem cinema, para eles verem um filme num telão. Esta atividade é muito importante, porque eles socializam, têm contato com outras crianças. Isto favorece o desenvolvimento, vai estimular a forma de pensar”.
Após a exibição do filme, os coleguinhas Antonio José da Silva, 11 anos; Eliseu Matheus, 7; Giovana de Almeida, 6; Gilmar Nascimento, 7; Ezequiel Jesus, 9, e Matheus Bueno, de 8 anos, se reuniram para falar sobre o filme e sua experiência sobre o cinema. Antonio era o mais falante: “Eu gostei da parte que ele cria o circo. Muito bom o filme”, diz. Apenas Eliseu e Giovana já tinham ido ao cinema. Para os demais, foi a primeira vez. “Gostamos do cinema”. Giovana quer ser professora quando crescer e gosta muito de estudar. “Quando eu for professora vou trazer meus alunos para o cinema igual minha professora trouxe, porque gostei daqui”.
As oficinas de cerâmica e crochê começaram na segunda-feira (21.05) e vão até quarta (23). As sessões de cinema durante o Fasp são abertas ao público e gratuitas. Confira a programação no site www.festivalamericadosul.ms.gov.br e participe!
Fotos: Aurélio Vinícius