“Falei que eu vim com o pesadelo do pop. Eu sei, no samba represento o hip hop”. Há quase 20 anos, Marcelo D2 mandou essa rima de “Vai Vendo”, gravada no seu segundo disco solo “A procura da batida perfeita”. É ela que ainda melhor representa o som do rapper brasileiro, que se tornou um dos maiores nomes da música nacional. Numa intersecção que mistura rap e samba, rock e mpb, D2 ainda é sinônimo de boa música.
Encerrando a terceira noite do 16º Festival América do Sul Pantanal, na madrugada de sábado (28) para domingo, também mostrou que é uma presença fortíssima no palco. Milhares de pessoas se reuniram na Orla do Porto Geral para acompanhar o show que rolou no Palco Rio Paraguai. Perto da 1h, Marcelo D2 subiu ao palco cantando “Qual é?”, um dos primeiros hits solo depois do hiato em que entrou o Planet Hemp.
Do começo ao fim do show, a plateia cantou junto todos os grandes sucessos do músico. Na apresentação, músicas dos principais álbuns lançados nesses mais de 20 anos de carreira sem o Planet Hemp, banda que o consagrou como rapper e compositor. “Mantenha o Respeito”, um dos maiores hits que o grupo lançou, também foi cantada em uníssono com o público em um dos momentos mais marcantes da apresentação. Mesmo com o arranjo bastante diferente da versão original, a música segue cativante como um hino geracional.
Além das músicas próprias, D2 também rendeu homenagens a importantes nomes da cena musical dos anos 90 como Chico Science e Chorão, do Charlie Brown Jr. “A Praiera”, da Nação Zumbi, entrou como sampler no meio do show e propiciou um dos momentos mais emocionantes da apresentação.
Durante todo o show, além da banda de apoio, D2 dividiu o palco com Stephan Peixoto. Mais conhecido como Sain KTT, ele é filho de Marcelo e fez dupla com o pai durante toda a apresentação. Em algumas canções, protagonizou nos vocais e segurou a responsabilidade de cantar as rimas consagradas criadas pelo rapper que revolucionou a música urbana brasileira.
D2 é um ícone, sendo um dos músicos mais importantes do rock dos anos 90 e um dos poucos que se manteve na ativa, com um trabalho autoral capaz de romper limites estéticos e provocar novas experiências artísticas. No palco Rio Paraguai, o artista deixou claro que ainda tem muito para mostrar, sem precisar se prender ao passado, mas utilizando-o para se reinventar musicalmente. Esse foi exatamente aquele tipo de show que vai ficar na memória por muito tempo.
Texto: Thiago Andrade – Assessoria FASP 2022
Fotos: Muriel Xavier e Vaca Azul