Corumbá (MS) – A aventura de Douralis, uma peixinha curiosa que decidiu deixar o Pantanal e se aventurar pelos mares, atraiu a atenção da criançada e também dos adultos ao protagonizar uma história divertida e ao mesmo tempo um alerta para os danos ambientais que a humanidade vem causando ao planeta. Esta é a mensagem da peça Navegantes, exibida neste domingo (17), última dia do Festival América do Sul Pantanal (Fasp), em Corumbá.
Montagem recente da Florescer do Cerrado – no Fasp, foi a sétima apresentação -, Navegantes cria um cenário com bonecos e artistas no qual a preservação das águas é o tema central, uma aula de educação ambiental onde se denuncia a degradação do nosso meio e ensina os caminhos para uma vida mais saudável. O drama vivido por Douralis, ao se deparar com óleo, lixo e assoreamento ao chegar ao mar, cria uma incerteza no olhar dos pequenos.
“Aqui no rio (Paraguai) tem muito lixo e sujeira, acho que por isso não tem mais peixe”, observa Adolfo Junior, 8 anos, morador do bairro Cristo Redentor. Ele gosta de pescar lambari e bagre com o pai na barranca do rio, mas expressa tristeza ao falar do seu lazer predileto. “As pessoas tem que respeitar mais o nosso rio”, diz, enquanto Douralis se agita tentando escapar dos vilões do mar.
Minhocão do Pantanal
Com direção de Lú Bigatão Rios, música ao vivo de Gustavo Vargas, direção de arte de Anderson Bosh e bonecos e cenários assinados por Wilson Motta, a peça foi apresentada na Praça da Independência, centro de Corumbá, na tenda armada ao lado do coreto. Um bom público, a maioria crianças, prestigiou a atividade do Fasp. Lu Bigatão ficou feliz pela oportunidade de trazer a montagem para o festival.
“Tem tudo a ver com a questão contemporânea da água que vivenciamos aqui, além de ser revigorante participar do festival”, afirma ela, lembrando que a peça fala das lendas locais, como a do minhocão que habitaria o fundo do Rio Paraguai, e da preservação do Pantanal. “Apesar de todos os problemas ambientais, a gente aborda como um lugar harmonioso.”
Navegantes traz uma metáfora sobre relações internas do ser humano, abordando também a degradação ambiental sob o ponto de vista dos animais. Peixes, jacarés, ariranhas, cobras, sapos e até seres mitológicos que integram a cultura local se unem a animais marinhos para falar sobre a luta para viverem em meio ao desaparecimento de matas ciliares, assoreamento, poluição das águas e pesca predatória.
Douralis, a falante peixinha, aguça também a atenção das crianças, enquanto seu parceiro de viagem, o medroso Jacaléguas, desiste da aventura, deixando a amiga sozinha na imensidão das águas marinhas. Ao final feliz, sob aplausos do público, uma reflexão no fechamento das cortinas: sem mudanças de atitudes, o ser humano não terá um futuro de qualidade destruindo a Terra.
Acessibilidade: O festival América do Sul Pantanal contou com tradução simultânea em Libras e Audiodescrição em alguns espetáculos buscando promover a inclusão social por meio do acesso arte para todos os públicos. Realizado com investimento público da Fundação de Cultura de Mato Grosso do Sul e patrocínio da Energisa, Vale, Caixa Econômica Federal e Governo Federal, o 15º Festival América do Sul Pantanal (Fasp) aconteceu entre os dias 14 e 17 de novembro.
A programação foi pensada para agradar a todos os gostos. E claro, tudo com entrada franca. Mais informações: www.fundacaodecultura.ms.gov.br
mais imagens em:https://www.festivalamericadosul.ms.gov.br/2675-2/
Texto Silvio Andrade
Fotos Marina Pacheco