A artista é uma das homenageadas do 16º Festival América do Sul Pantanal e ganhou ainda mais destaque durante a palestra Lídia Baís: Nuances de uma trajetória feminina, ministrada pela professora doutora Fernanda Reis. Parte da sua história de vida reflete do início ao fim sobre as temáticas apresentadas em suas obras.
Fernanda Reis explica que debruçar-se em sua trajetória de vida foi uma atividade fundamental para compreender a partir do olhar de historiadora suas pinturas como documento. “Lídia Baís pintou sobre diversas temáticas, tais como religião, família, política, nacionalismo, relações entre masculino e feminino e, sobretudo pinturas com temáticas femininas, onde a figura da mulher, em quase todas as obras, autorretratos, expressam sua própria vivência em uma sociedade ainda patriarcal e conservadora”, relata. O estudo traz à tona a representação feminina a partir da trajetória de vida e das obras da artista campo-grandense.
A doutora ainda destaca que a vida da artista foi marcada por uma sucessão de mudanças, transformações, confrontos de mentalidades e tomadas de decisões, principalmente mudanças dela própria como mulher e artista reprimida por uma sociedade que não soube compreender sua arte e sua religião.
“O sentimento da artista quanto ao lugar em que viveu era latente em seu pensamento, já que ela sentia-se intelectualmente privilegiada em relação à mentalidade campo-grandense. Ao sentir-se diferente de tudo o que estava a sua volta, provavelmente desenvolveu em si uma necessidade de não estar naquele lugar, como se algo nela a fizesse diferente da realidade a qual pertencia”, analisa.
A pintura foi um meio que Lídia Baís encontrou de expressar essas contradições que ela mesma vivenciou. Suas pinturas contêm mensagens que confrontam com o conservadorismo. Uma de suas principais marcas foi a presença feminina e os temas religiosos, o que revela uma causa defendida pela pintora: a inserção da mulher no universo masculino representado através de sua própria história, bem como a relação da mulher e da religião.
Texto: Clarissa de Faria
Fotos: Álvaro Herculano