Corumbá (MS) – Que o Festival América do Sul Pantanal traz ao alcance do povo as belezas do nosso povo e do nosso continente já é conhecido de todos. Mas tanta beleza reunida apenas num pavilhão, como a expressão da cultura de seis países sul-americanos e mais as belezas da nossa região, por meio do artesanato, tem surpreendido quem visita a praça Generoso Ponce, em Corumbá, nos últimos dias.
O 15º Fasp traz para os visitantes peças produzidas por artesãos da Colômbia, Argentina, Paraguai, Bolívia, Peru, Venezuela e por nossos artistas sul-mato-grossenses. “Fizemos uma curadoria para trazer o que há de mais rico no artesanato de cada país. Aqui as pessoas podem fazer uma pequena viagem pela América do Sul visitando o Pavilhão dos Países. Buscamos o intercâmbio cultural entre os países convidados da América do Sul por meio do artesanato”, diz a gerente de Desenvolvimento de Atividades Artesanais da Fundação de Cultura de MS, Katienka Klain.
O artesão Hernan Livia, da Argentina, tem encantado adultos e crianças com seus brinquedos e marionetes de madeira, com movimento articulado. “Faço um artesanato para toda a família. É minha segunda vez no Fasp, a primeira vez foi em 2015. O artesanato para mim é uma forma de vida, é um desafio poder viver das próprias mãos. Num mundo onde todos vivem do digital, minha aposta é que todos possam brincar com coisas materiais, tangíveis”. Os brinquedos produzidos por Hernan são vendidos por R$ 30 a 180 reais, entre carrosséis, bonecos pulando corda, bonecos instrumentistas e marionetes.
Yudi Milena Jamioy Chicunque, indígena colombiana da tribo Camentsa Biya, da região de Putumayo, apresenta aos visitantes seu belíssimo trabalho em bijuterias, um trabalho que é passado de geração a geração. “Na Colômbia o artesanato é passado das bisavós para avós e netas, e é um trabalho exclusivo de mulheres. É a memória e o pensamento de um povo; as figuras, imagens nos tecidos representam as tradições, mitos e histórias que refletem o entendimento da mulher da cultura do meu povo”.
Ao mostrar sua peça favorita, um colar feito com pedrarias de vidro e plástico coloridos, Yudi percorre toda a trajetória cultural de seu povo, representada na peça . “No meu povo tem um lugar especial para a família que se chama Shinyac, ‘lugar do fogo’. É um lugar baixo perto do solo, ao redor há três pedras de forma triangular que representam o pai, a mãe e o filho, cada um com seu lugar e sua função. Neste lugar educamos os filhos, choramos, rimos, festejamos, há uma concentração de sentimentos. Neste lugar enterra-se a placenta ainda quente para fazer com que os filhos voltem sempre à sua terra. O fogo é representado em espiral para simbolizar as três etapas da vida: aprender; praticar o que aprendemos, e a terceira etapa são homens e mulheres de cabelo branco”. As peças com menor preço são pulseiras de R$ 12 reais e a mais cara, um colar todo tecido a mão de R$ 650 reais.
O artesanato de Mato Grosso do Sul é representado por peças de 22 artesãos do Estado trazidos pela Associação de Artesanato de Mato Grosso do Sul (Artems). “Há 12 anos participamos do Festival. Nossos artesãos precisam se tornar conhecidos, aqui tem bastante público, traz um bom retorno. Além de produzir, também é importante comercializar as peças, porque muitos vivem apenas do artesanato”, diz a artesã Lourdes Pedrão Nascimento, que expõe suas índias, santos e galinhas de cabaças.
A representante do Programa do Artesanato Brasileiro (PAB) do Governo Federal, Nayara Rodrigues Magalhães, veio a convite da Fundação de Cultura de MS pela primeira vez para o Festival América do Sul Pantanal. “Achei tudo muito organizado, é importante ter a participação de outros países para ter essa variedade cultural. Uma das ações do PAB é a ampliação de mercado, ajudar o artesão a ter um escoamento melhor da produção. Aqui é uma oportunidade de troca de experiências, o Fasp vai ao encontro das nossas ações”.
Realizado com investimento público da Fundação de Cultura de Mato Grosso do Sul e patrocínio da Energisa, Vale, Caixa Econômica Federal e Governo Federal, o 15º Festival América do Sul Pantanal (Fasp) acontece entre os dias 14 e 17 de novembro. A programação foi pensada para agradar a todos os gostos. E claro, tudo com entrada franca. Mais informações sobre o evento podem ser obtidas na nossa página (www.fundacaodecultura.ms.gov.br) ou pelo telefone 3316-9109.
Texto: Karina Lima
Fotos: Edemir Rodrigues